terça-feira, 19 de novembro de 2013

Redes marcam popularização da cibercultura

As redes sociais são hoje as principais características da cibercultura. O pesquisador Francisco Rudiger, autor de uma obra que reúne todas as teorias da cibercultura, acredita que o ciberespaço é que se desmembra e forma um ambiente propício para novas sociabilidades. Para ele, a cibercultura é uma convergência que saiu do âmbito especializado e passou a ser operacionalizado na base da sociedade. “Graças à transformação dos computadores em equipamentos domésticos e, agora, portáteis, [a cibercultura] se converte em plataforma ou fenômeno de costumes democrático, na linha de fuga sistêmica e de expressão molecular da sociedade capitalista”. 

A entrada de um grande público nas redes, consequentemente, diminuiu a visibilidade das comunidades de pioneiros, como os nerds, geeks, cientistas, jornalistas e pensadores da cibercultura. Daí que a ciberespaço em poucos anos deixou de ser um território habitado apenas por comunidades e grupos identificados com as utopias da rede, como a defesa da liberdade de comunicação, a ciberdemocracia, a ‘árvore do conhecimento’, etc. Espaço democrático, ela reproduz agora as virtudes e os defeitos do mundo real democrático, que migrou para as redes. No Brasil, o traficante Anderson da Silva, por exemplo, muda constantemente sua foto de perfil no Facebook, mesmo preso.

 O caso é sintomático: as redes sociais democratizam o espaço público e inserem nele novas pessoas, que antes não tinham voz. Nem habilidades para estar neles, pois o criminoso preso, por exemplo, ‘assassina’ a gramática. Detido, ele escreve: “A tristeza e o ambiente fechado deixa o 2b [Anderson] e os amigos que estao prezo revoutado”. Assim, a liberdade da rede permite – ao mesmo tempo – ferir regras estabelecidas e que antes não eram produzidas sem as redes sociais. E o motivo é simples: com um Facebook, Instagram ou Twitter nas mãos, todos usuários são potenciais Robertos Marinhos – o falecido mentor do império rede Globo – pois controlam pessoalmente o que publicam. 

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